«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Time to cut the crap

album cover photo origin

De uma forma mais explícita e determinada, decidi privilegiar os temas mais substantivos e a reflexão, em vez de opinar sobre assuntos que depressa são esquecidos e cuja opinião vale tanto ou menos do que uma qualquer outra opinião.

Viver e estar menos no imediato. Menos informação (mediatismo e imediatismo), mais cultura (digestão prolongada ao longo do tempo).

Isto é decidir sobre o que pensar. Há um pensamento budista que refere que a felicidade depende do que se pensa e não do que se é ou do que se tem.

Até porque andar na espuma (ruído exterior) dos dias, a comentar a actualidade socio-política, não altera nada. Ninguém, sozinho, condiciona ou muda o curso do mundo. Pensar o oposto é um estupidez. O mundo é para ser contemplado - nenhum indivíduo pode mudar o seu curso, por mais que custe a alguns aceitar essa impotência. O que é diferente de resignação ou conformismo.

Além desse facto, «a nossa vida está sempre submersa em muito lixo sensorial e informativo, de estímulos», como afirmou José Mário Branco, no programa Bairro Alto, na RTP2. É precisamente esse lixo (tóxico para o pensamento) que é bom evitar e criar campo livre e aberto.

Como se não bastasse, a actualidade é muitas vezes uma ficção, que nos é imposta. E não gosto que me imponham os temas sobre os quais devo pensar, a não ser o que é imposto pela realidade em si e não a realidade manipulada consoante as agendas e interesses.

A espuma (o geral) fica, pois, para a espuma do pensamento, sem perder mais tempo e energia, sem me distrair com a formalidade e votando mais atenção ao significado (ao particular) mais profundo das coisas.

(Excepção para a divulgação de alguns temas locais marcantes, há muito acompanhados, sobretudo para registo ou arquivo histórico.)

Interessa-me e move-me outros temas mais perenes, nutritivos e situados no substrato vital, aquilo que é essencial e mais profundo para o Ser Humano e para a Vida, como as áreas da criação e da cultura. É este o critério. Não só para maior retorno ou ganho pessoal, mas também porque «os dedos devem tocar só no que é espesso, no que é fundamental; o urgente tem de coincidir com o essencial» (Gonçalo M. Tavares in Jerusalém, p8, Ed. Caminho - 2013).

Para citar o título do álbum dos The Clash, it's time to cut the crap.

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