«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, dezembro 20, 2017

Prazer de uma liberdade

Nuvens acesas, à beira de casa

Quando o prazer da própria companhia (e encontro com o universo cá de dentro) é muito gratificante (viciante), há o perigo de a solidão se tornar «o caminho»e não ser apenas o «ponto de partida e de chegada» impostos pela condição humana, como referiu Manuel Pita, aka Sejkko (Diário 3.2.2017).

Contudo, interessa diferenciar solidão (sofrimento por ausência de companhia desejada e dificuldade em estar bem consigo próprio) de solitude (a pessoa não procura companhia de forma urgente, embora não a evite, já que se trata de um recolhimento voluntário, em paz consigo própria: boa companhia para si mesma).

Os conceitos de autonomia e auto-sustentabilidade, muito em voga, devem aplicar-se também à vida do ser humano. Ser o mais auto-sustentável possível é ser autor da sua vida, é desenvolver todo o seu potencial, é obter as suas respostas, desenvolver a sua sabedoria, é criar ordem e equilíbrio na sua própria vida.

O prazer dessa liberdade é ilustrada, com palavras, por Virginia Woolf, em The Waves: “How much better is silence; the coffee cup, the table. How much better to sit by myself like the solitary sea-bird that opens its wings on the stake. Let me sit here for ever with bare things, this coffee cup, this knife, this fork, things in themselves, myself being myself.”

Há que ter uma atitude crítica face à formatação para o convívio e o gregarismo como razões da existência humana e o caminho para a felicidade.

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