«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, dezembro 24, 2017

As chinelas do Natal, por António Fontes

2017

1. Aos madeirenses que estão sem casa, sem comida, sem crédito bancário, sem emprego, sem saúde, sem esperança, sem felicidade, sem honra e sem vida – força de vida para viver – eis o meu sapatinho de Natal.

2. Entre o dia 18 de Novembro de 2017 e o dia 24 de Dezembro de 2017 (hoje, véspera do Natal), caíram na conta bancária dos meninos Jesus abaixo identificados, em valores limpos de impostos, dois meses de retribuição e um de subsídio de Natal. Cuidado com as sincopes. O dinheiro público mata.

3. Ao calhas e por amostra. Na conta bancária do Tranquada Gomes (PSD-M), 8,500.00€, Jaime Filipe Ramos (PSD-M) 6, 500.00€, Miguel Sousa (PSD-M), 7,000.00€, Victor Freitas (PS-M), 6.000,00€, Lopes da Fonseca (CDS-M), 6,500.00€, Isabel Torres (CDS-M), 7.000.00€, Roberto Almada (BE), 6,500.00€, Élvio Sousa (JPP) 6,500.00€. Utilidade para a Madeira? Nenhuma. Zero!

4. Na conta bancária da Rubina Berardo (PSD-M), 8.000,00€, Sara Madruga da Costa (PSD-M), 8.000,00€, Paulo Neves (PSD-M), 8.000.00€, Luís Vilhena (PS-M), 8.000,00€, Carlos Pereira (PS-M), 8.000.00€, Paulino Ascensão (BE-M), 8.000,00€. Lisboa é o que está a dar. Utilidade? Nenhuma. Zero!

5. Na conta bancária das deputadas europeias eleitas pela Madeira, Cláudia Monteiro Aguiar (PSD-M), 30.000,00€ e Liliana Rodrigues (PS-M), 30.000,00€. Europa é o que está a dar. Utilidade? Nenhuma. Zero!

6. Conclusão: vale mesmo a pena filiar-se num partido político. É o trilho “religioso” do tacho politico. O sapatinho de Natal e o chinelo da Natal.

7. O Natal da Madeira está hoje enclausurado entre o culto religioso e o culto do dinheiro. É um lugar recôndito e frívolo sediado hipocritamente dentro de cada um de nós. Não é mais a família, os amigos e o nascimento de Jesus. Entre a fé e Deus estão “estercos” da terra.

8. O Natal consumista da Madeira não é quando o homem e a mulher quiserem. O Natal consumista da Madeira – tal como o emprego, a fome, a miséria, a saúde, a esperança, a honra, a felicidade, a vida – compra-se. Tem preço e goza do silêncio impotente da Casa de Nazaré. Calo-me!

9. Quem sou eu para escrever isto? Um menino mimado, rico, privilegiado, nascido numa família abastada de poder e de dinheiro público. Logo, não sou, não quero, nem posso ser ninguém. Estou vitaliciamente enforcado na árvore genealógica da “família”. Calo-me.

Diário 24.12.2017

nota: o articulista não refere, mas estes valores não incluem os suplementos recebidos pelos deputados pelo desempenho de funções extra

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