«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Gisela João faz stage diving em concerto com Linda Martini



Gosto muito desta rapariga: além de ser intensa e distinguir-se a cantar o fado, é afoita e tem atitude rock

Roqueiros alternativos Linda Martini com a fadista Gisela João na qualidade de estrela convidada, que até fez stage diving e crowd surfing. Temos uma fadista-punk, com atitude, energia (stamina) e entrega - que se arrepiem os puristas do fado perante esta menina rebelde e sem complexos, em termos musicais. Ela também ganha com isso, porque a torna ainda mais interessante e intensa.

Tudo aconteceu no concerto em 13 de Fevereiro de 2014, no Lux, em Lisboa. No dia seguinte teve lugar um concerto adicional face ao facto de o anterior ter esgotado. O Blitz referiu que a fadista adaptou-se ao registo da banda e conquistou a audiência com o seu vozeirão.

«Mas porquê Gisela? “Porque nos é próxima”, explicou Hélio Morais, baterista dos Linda Martini, ao jornal Público. Próxima fisicamente (“é nossa vizinha”) e em atitude e temperamento: “é aquela que mais tem a ver connosco geracionalmente e, mesmo no fado, é muito punk em concerto. Se for preciso atirar-se para o chão, atira-se. Fazia sentido tê-la connosco”.»

«Os Linda Martini, a banda de Turbo Lento, a banda de rock com o coração na boca e uma inquietação impossível de aplacar», como descreve o jornal citado, encontraram-se com Gisela João, fadista de uma «entrega avassaladora aos sentimentos que as palavras contêm e que a guitarra traduz em som.»

Continua o artigo do Público: «À partida, parecerá estranha esta combinação. Mas os Linda Martini não são uma banda rock convencional e Gisela João, que até canta o fado tradicional, não corresponde também ao estereótipo convencional da fadista – na primeira vez que a vimos cantar Os Vampiros, a canção de José Afonso agora incluída no seu repertório de concerto, era convidada do Nicolas Jaar, música das electrónicas; quando lhe ouvimos A Casa da Mariquinhas, ouvimos o fado de Marceneiro revisto pela pena da rapper Capicua.»

«Hélio Morais, baterista dos Linda Martini, explica que, “de uma forma inconsciente”, o radialista Pedro Ramos, programador das noites Black Balloon, “é o culpado” pela colaboração [com Gisela João]. “Desde o Casa Ocupada [segundo álbum dos Linda Martini, editado em 2010] que diz que a nossa música é uma espécie de fados do rock”. Junte-se a isso o facto de, por exemplo, a banda ouvir na linha de voz do vocalista André Henriques, em Mulher-a-dias [a primeira canção de Casa Ocupada], algo de fadista (“até chegámos a pensar em convidar um para a cantar no disco”, confessa Hélio), e eis nascida esta ideia de fazer da noite Black Balloon dos Linda Martini um encontro com Gisela João.»


Sobre Linda Martini, diz ainda a mesma peça do jornal Público: «Turbo Lento, o último álbum, editado em 2013, mostra uma banda que sabe pesar e escolher as palavras e atirá-las na avalanche criada por música onde se encontram a aspereza do punk e a vertigem sónica do rock’n’roll.»

Quanto a Gisela João, ela «não canta o fado, Gisela João “é” fadista – di-lo a expressividade da voz, dizem-no o corpo que se move como se os versos fossem carne». É muito presente, muito real, muito directa e frontal, muito genuína.
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A propósito:
Gisela João, um caso sério no Fado (sobre o disco de estreia)

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